PREOCUPANTE: Mortes por coronavírus mais do que dobraram em sete dias no Brasil

(foto: OZAN KOSE/ AFP )

MARIA EDUARDA CARDIM

O Brasil ultrapassou a barreira das mil mortes pelo novo coronavírus nesta sexta-feira (10/4). A marca foi atingida 24 dias após o primeiro registro de óbito pela doença no país. O número mais que dobrou desde a semana passada. Na sexta-feira (3), eram 432 mortes. O aumento em relação ao total anunciado, ontem, foi de 144%. O boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, no feriado da semana santa, contabilizou 1.057 mortes e 19.638 casos da Covid-19 no país. A taxa de letalidade é de 5,4%. Desde a última terça o país confirma mais de 100 mortes por dia. O crescimento seguiu o padrão e o novo coronavírus fez 116 novas vítimas nas últimas 24 horas.

Apesar de assustar a população, a velocidade do aumento diário de mortes ainda não é explosiva e a curva de mortes do Brasil é menos acentuada se comparada a de outros países, de acordo com especialistas. O infectologista do Laboratório Exame, David Urbaez, explica que, “sem dúvida alguma, isso tem relação direta com as medidas de isolamento social, colocadas em prática com bastante antecedência. De qualquer maneira, isso não é uma realidade que possa permanecer absoluta.”

O vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, Alexandre Cunha, concorda. Ele enfatiza que isso pode mudar a qualquer momento. “A gente sabe que esse número vai aumentar e que essa é uma epidemia longa. Quando a gente evolui de forma devagar, dá a impressão que tudo está bem e que podemos afrouxar as medidas de isolamento. Esse é o perigo dessa falsa impressão”, alerta.

Na última semana, em novo boletim epidemiológico, o Ministério da Saúde sugeriu que a partir da próxima segunda-feira (13), alguns estados e municípios comecem a migrar para o distanciamento social seletivo, conhecido como isolamento vertical. A sugestão é válida para lugares em que os casos confirmados do novo coronavírus “não tenham impactado em mais de 50% da capacidade instalada existente antes da pandemia”.

Urbaez acredita que é preciso insistir que isolamento não é sinônimo de férias. “Todo cuidado é pouco. Tenho observado nos últimos dias um afrouxamento generalizado dessa compreensão do isolamento social. As pessoas indo para a rua e indo para passear no supermercado”, pontuou. Para Alexandre, o certo é que se faça uma liberação gradual de pessoas. Explica que cada medida não farmacológica demora cerca de 15 dias para gerar um impacto no casos.

“Se formos nos basear nos óbitos, demora ainda mais. Às vezes um mês para ver um reflexo”, indica. No Brasil, apenas o estado de Tocantins ainda não confirmou mortes pela doença. São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco se mantêm como os estados com maior número de mortes (veja arte). O Distrito Federal, segundo a pasta, tem 14 óbitos pela nova doença.

Em relação ao aumento diário de casos confirmados, os números também seguem um padrão e, desde 31 de março, mais de mil casos são diagnosticados de um dia para o outro. De quinta para sexta, 1.781 novos casos da Covid-19 foram incluídos no boletim. A região Sudeste segue sendo a que mais tem casos confirmados, com 11.678 pacientes diagnosticados. Em seguida, está o Nordeste, com 3.528 casos; o Sul, com 1.972; o Norte, com 1.505; e o Centro-Oeste, com 955.

Testagem

O número de casos pode ser muito maior do que o confirmado pelo ministério já que o Brasil não realiza testagem em massa pela falta de testes. A recomendação do órgão é para que os exames sejam realizados nas pessoas internadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), e em pacientes que são atendidos em unidades de sentinela. Das 36.905 hospitalizações por SRAG no Brasil, 28.277 estão sendo investigadas para Covid-19.

O Ministério da Saúde diz que se esforça para ampliar a testagem. Até a última quinta (9), 451,4 mil testes RT-PCR e 500 mil testes rápidos foram distribuídos. Na próxima semana, mais 1 milhão de testes rápidos e 50 mil RT-PCR devem ser enviados aos estados. #Cotidiano

CORREIO BRAZILIENSE

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