PB: Internações de adultos jovens com Covid-19 crescem cerca de 50% na Paraíba

O Brasil passa pelo momento mais grave desde o começo da pandemia do novo coronavírus, alcançando números preocupantes de novos casos confirmados, de mortes e de ocupação de leitos. Esta também é uma realidade observada na Paraíba. Segundo o secretário executivo de Gestão da Rede de Unidades de Saúde do Estado, Daniel Beltrammi, em comparação com dados do pico da pandemia em 2020, o número de internações de adultos jovens, de até 59 anos, cresceu cerca de 50%.

“Estamos analisando o perfil dos pacientes internados e, neste mês de março, registramos cerca de 70 internações ao dia e não 50 como em períodos anteriores ou 22 como ocorria em média, mas, quanto à faixa etária, já observamos crescimento entre os mais jovens”, afirmou o secretário, que acrescentou que o aumento de internações de pacientes com esse perfil chegou a bater os 70% entre janeiro e fevereiro de 2021.

Beltrammi revelou que, em março, 26% dos pacientes internados têm até 59 anos. Ou seja, a cada 10, pelo menos dois correspondem a esse perfil.

Maior tempo de internação

Segundo declarou ao R7 a médica intensivista Suzana Lobo, presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), os pacientes mais jovens têm uma tendência de maior tolerância a medicamentos e menos chance de mortalidade, uma vez que as disfunções orgânicas tendem a ser menores.

“A probabilidade de cura das pessoas é grande, já que vão melhorando com o tempo e os tratamentos”, explica, apontando fatores que poderiam contribuir para uma permanência mais longa na ocupação de um leito, espaço que poderia ser usado por pessoas com maior vulnerabilidade à Covid-19, como idosos ou pacientes com comorbidades.

Já na Paraíba, conforme avaliação de Daniel Beltrammi sobre o contexto local de internações, os mais jovens têm ficado mais tempo internados por darem entrada nas unidades de saúde com quadro grave em decorrência da Covid-19. A média de dias de internação dessa parcela da população não foi levantada.

“Estamos registrando duas vezes mais casos graves entre adultos jovens. E isso se dá não apenas em virtude da existência de novas variantes do vírus, mas pelo fato de que as pessoas ‘abandonaram’ o uso de máscaras e outras medidas. Dessa forma, a carga viral absorvida é bem maior e a tendência é o agravamento dos casos”, considera o secretário.

Beltrammi ressalta também que grande parte população não cultiva boas práticas de cuidados com a saúde, ainda sendo perceptíveis estatísticas significativas de pessoas fumantes ou obesas, por exemplo.

“Se as pessoas não entenderem que devem se cuidar, cuidar do próximo e seguir os protocolos sanitários, não vejo como sairmos rápido dessa situação”, alerta o secretário.

Primeira onda nunca acabou

Com o aumento dos números de casos e de mortes associados ao novo coronavírus nos primeiros meses de 2021, costuma-se interpretar que vivemos uma segunda onda de contaminação. Na realidade, apesar de algumas oscilações pontuais, o Brasil não saiu da primeira onda da pandemia, como explica Beltrammi:

“Para mudar de uma onda para outra tem que ter uma variação negativa de mais de 60% do número de casos confirmados e ter um intervalo que dure mais de oito semanas. Isso chegou a acontecer em algumas cidades brasileiras, mas, no geral, a curva de contaminação não caiu”, diz o secretário executivo, incluindo a Paraíba nesta situação.

Essa realidade pode ser vista no gráfico interativo da pandemia exibido mais acima. Apesar de seguir crescente, a representação dos casos confirmados demonstrou certa estabilidade e menor crescimento em meados de novembro de 2020. Depois disso, a curva voltou a subir, sem ter criado um ‘vale’ na observação ilustrada.

Criação de imunidade

Ainda não se pode mensurar se os perfis dos pacientes nos números atuais de casos, internações e mortes já estariam sofrendo a influência da vacinação de idosos e outros grupos prioritários que começou na Paraíba no dia 19 de janeiro.

“Temos poucos vacinados. Ainda não dá para perceber uma diminuição na internação dos idosos, por exemplo. Precisamos esperar pelo menos 60 dias a partir da aplicação da primeira dose da vacina para sabermos que as pessoas estariam criando imunidade ao vírus. Quando completarmos esses dois meses, passaremos a observar os efeitos da vacinação no perfil dos infectados”, concluiu Daniel Beltrammi. #Cotidiano

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