OPINIÃO: Zenóbio, in memorian

Essa semana eu acompanhei os stores e posts publicados no feed das redes sociais da deputada estadual Camila Toscano (PSDB), sobre a sessão em homenagem à memória de seu pai e alguns registros da missa solene realizada na Catedral da Luz, na segunda-feira (14), que marcou o primeiro ano da ausência física do ex-prefeito de Guarabira (PB) Zenóbio Toscano de Oliveira.

Confesso que as fotos e vídeos que Camila compartilhou, mostrando um Zenóbio diferente daquele homem ‘fechado’ e tímido que o povo estava acostumado a ver como político – um pouco de sua intimidade como pai e avô em imagens que revelam que ele também era tão humano quanto eu e você -, me deixaram comovido e com a sensação de que ele não partiu…

Eu não tive a oportunidade de trabalhar com Zenóbio, mas o conhecia um pouco e conversamos algumas vezes – o bastante para arrancar-lhe um sorriso e vê-lo bem humorado. Talvez por isso, eu também sinta sua ausência. Zenóbio, para quem não sabe, foi o primeiro prefeito a investir no meu blog – crítico de sua gestão -, propondo um contrato para reproduzir conteúdo da CODECOM.

Interessado nessa parceria, eu recordo que ele me mandou um e-mail bem objetivo em 15/11/2014, às 16h24. Eu ainda tenho guardado essa e outras mensagens, acredite! E prontamente aceitei a proposta, pois estava precisando dar conta dos boletos. Jeferson Carlo, então coordenador de Comunicação, foi o responsável pela formalização do contrato; junto com Montoya.

Permita-me ainda compartilhar outro convite que ele me fez – dessa vez por SMS. Ciente de que eu gostava de apreciar a arquitetura de casarões, quando as obras do que viria a ser o Casarão da Cultura foram iniciadas, Dr. Zenóbio sugeriu que eu visitasse o local. E eu fui e fiz várias fotos! Acredito que também fui o primeiro a escrever e publicar sobre a importância da obra.

Além desses dois fatos, ocorreram outros. Seu Edvardo Toscano, ex-diretor da 92 FM e meu leitor, com quem sempre tive um bom relacionamento e respeito, sabe disso – eu o fazia saber quando o encontrava. Eu recordo que a primeira ligação que Zenóbio me fez ocorreu à tarde, quando eu me dirigia para a emissora. Foi no ano da eleição que marcou seu retorno à Prefeitura de Guarabira.

“Alô!”, atendi.

“É Ikeda?”, perguntou ele.

“É sim. Quem é?”, perguntei de volta.

“É Zenóbio”, respondeu.

“Zenóbio, o prefeito?”, devolvi a pergunta surpreso, pois até então nunca havíamos nos falado. Daí para frente, passamos a nos falar mais e nos encontrar em eventos da prefeitura.

Eu ainda me lembro de uma cobrança que lhe fiz em artigos: para que sua gestão editasse e custeasse um livro com os sonetos de seu Ismael Freire, que ao me conceder entrevista aos 90 anos me disse que um dos seus sonhos era ter seus textos publicados. Zenóbio prometeu e cumpriu a promessa e o poeta Ismael Freire teve o prazer de folhear seu livro ainda em vida.

A PMG, no principio da gestão de ZT, custeou junto com o Governo do Estado, uma coletânea de poesias, da qual participei e recebi meus exemplares das mãos do prefeito, que posteriormente também me enviou outros livros – entre eles o livro de poesias “Ronaldo Cunha Lima, um nordestino de todo canto”, de autoria de Diogenes da Cunha Lima.

Como eu – embora não tendo convivido com o ‘gato preto’ -, muita gente deve ter alguma experiência boa para contar: relatos que merecem ser compartilhados, quem sabe até ‘eternizados’ em um livro que apresente a história de Zenóbio, com depoimentos, relatos, curiosidades pessoais, suas marcas de campanha, cargos, santinhos e obras, por exemplo…

É verdade: eu sempre fui crítico de sua gestão, mas nunca lhe faltei com respeito e nem ele a mim. Não havia apelação em meus artigos, avalio – havia opinião sincera e argumentação. E assim tem sido até hoje com a atual gestão e com outros políticos – alguns, inclusive, ainda precisam aprender a separar as coisas, como ZT sabia fazer.

O prefeito Zenóbio Toscano merece uma grande homenagem – quem sabe até ter seu nome em uma grande obra na cidade. E isso cabe à família e às lideranças políticas decidirem. No entanto, mudar nome de rua para homenageá-lo, além do transtorno que causaria aos comerciantes, é o tipo de ação que, neste caso, não está à altura de uma honra póstuma justa ao líder tucano que tanto fez por Guarabira.

Dr. Zenóbio merece sua história contada em livro, com um bom texto e um acervo de fotos da família, escolhidas por uma curadoria. E os vídeos compartilhados pela herdeira do legado de ZT, também poderiam ficar disponíveis em um anexo digital na própria biografia – com acesso através de um QRCode -, mostrando cenas de bastidores (do pai, avô e político, que também sabia sorrir) – para amenizar a saudade e preservar sua memória para futuras gerações. #Opinião

 

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