THIAGO MORAES
O episódio envolvendo o governador João Azevedo e o ex-governador Ricardo Coutinho na decisão da direção do PSB, em Brasília, de fechar questão contra a reforma da Previdência, que está sendo votada na Câmara dos Deputados, chama a atenção para o comportamento do gestor paraibano e possíveis reflexos no Estado.
O governador João Azevedo havia convocado uma reunião da bancada federal para pedir apoio para a reforma da Previdência e, de repente, seu partido, o PSB, com discurso inflamado de Ricardo Coutinho, decidiu que seus deputados devem votar contra o projeto ou serão punidos. A reunião acabou cancelada na última hora. O governador não tinha mais moral para pedir nada. Vergonha alheia.
De forma direta, o governador João Azevedo ou foi atropelado e não teve condições de reagir ou, efetivamente, é um dominado pelo ex-governador Ricardo Coutinho.
Ambas as alternativas depõem contra João, mas a segunda, e mais provável, é pior.
Lá atrás, logo que o governo federal propôs o projeto de reforma da Previdência, o governador da Paraíba, juntamente com outros do Nordeste, por razões puramente políticas, se posicionou contras mudanças.
Depois, quando o relator do projeto na Câmara dos Deputados excluiu os Estados e Municípios do projeto, caiu a ficha e João Azevedo começou uma cruzada de viagens a Brasília para defender a reforma da Previdência de forma mais ampla.
A situação da Previdência na Paraíba é desastrosa. O governo revela um rombo de R$ 3,5 bilhões só para este ano. O rombo vem de longe e atravessou todo o governo Ricardo Coutinho, mas a sujeira foi jogada pela debaixo do tapete.
A jogada era que os governadores, incluindo o da Paraíba, queriam que a reforma da Previdência fosse aprovada em Brasília, também para Estados e Municípios, mas que as críticas ficassem na conta do presidente Jair Bolsonaro e dos deputados federais. Os deputados não aceitaram e empurraram para os governadores e prefeitos a responsabilidade de fazerem as mudanças locais.
O governador da Paraíba transitou de forma cambaleante em relação à reforma da Previdência: fez discursos contra, depois moderou e, finalmente, defendia. Mas demonstrou não ter decisão nem força. O ex-governador Ricardo Coutinho veio por fora, com a direção nacional do PSB, e enquadrou João, que continua dominado.
O problema é que um governador dominado não nada. Ou quase nada. #Opinião
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