OPINIÃO: João e Ricardo, água e óleo

ANTONIO SANTOS

não observa atentamente o óbvio, sobretudo nas mínimas nuances da monótona cena política paraibana atual, vive absorto ou navega com o pensamento em vão. É raro quem, corajosamente, põe a “cara a tapas” e mostra, principalmente para os que não querem ver, a verdade nua e crua.

Refiro-me, por exemplo, ao indiscutível distanciamento político-ideológico-administrativo entre Ricardo Coutinho e João Azevêdo. Talvez até alguém possa dizer que seria por um está em cargo de governador da Paraíba e o outro isolado na condição de ex, sentindo falta das benesses do poder.

Mas, “o nó é mais embaixo”. Quando João assumiu a governança, começou a imprimir seu ritmo, deixando para trás vícios de “seu criador”, até como forma estratégica de melhor conduzir as diretrizes de um Estado cheio de problemas, a começar pela falta de diálogo com a classe política, os servidores e a sociedade em geral.

Como se viu, durante os governos Ricardo I e II, o servidor público sofreu “o pão que o diabo amassou”. A categoria não foi ouvida, nem teve os aumentos salariais garantidos em lei. Quando o ex-governador RC era vereador e deputado estadual, vivia no meio das greves fazendo palanque para sua escalada ao poder.

Diferente de “seu criador”, João Azevedo começa a imprimir um estilo conciliador, concedendo direitos aos servidores, ouvindo as categorias e até sendo sensível aos sindicatos que os representam. Esse modo novo de governar é o oposto de Ricardo. O atual governador não quer ser chamado falso democrata.

Noutros gestos, o governador JA difere muito de RC. Enquanto Ricardo trouxe para a Paraíba as OS´s que, segundo o Ministério Público, causou rombos bilionários à Saúde do Estado, João expulsa essas organizações sociais e admite outras, mas com fiscalização severa em suas atuações. O que Coutinho criou e foi considerado escândalo ou prejuízo ao Governo, Azevêdo tem dizimado inapelavelmente.No Esc

ândalo da Operação Calvário, por exemplo, quando o Ministério Público e o Gaeco descobriram como agiam a Orcrim, envolvendo as Organizações Sociais que administravam os recursos da Saúde no Trauma de João Pessoa, nas Upas e nos hospitais do interior, o governador cuidou logo de demitir os envolvidos, todos eles indicados por Ricardo para o atual governo.

O chamado “Núcleo Duro” nos Governos Ricardo I e II e na atual gestão estadual, integrado por Livânia Farias, Waldson de Souza, Gilberto Carneiro e Amanda Rodrigues, foi todo demitido por João Azevêdo. Os quatro integrantes significavam mancha e nódoa inapagáveis ao Governo, por isso foram, a bem da honra governamental, afastados.

Recentemente, João Azevêdo (pasmem) desmanchou ato de Ricardo Coutinho que abriu PAD (Processo Administrativo Disciplinar) para punir (quem sabe até) demitir) os Técnicos Administrativos do Governo do Estado. Esses servidores são os que menos ganham na esfera estadual e, durante as gestões I e II de RC, por apenas reivindicarem seus direitos, tiveram os proventos “cortados” e quase eram demitidos.

Essa semana, o governador da Paraíba anulou o inquérito administrativo aberto e imposto por Ricardo Coutinho, prometendo receber os Agentes Administrativos e seus representantes, numa forma republicana de tratar os direitos dos servidores estaduais. Por incrível que pareça, ao anular o PAD da categoria, o Chefe do Executivo estadual atendeu a uma profícua luta do deputado Raniery Paulino (líder da bancada de oposição na ALPB), considerado principal defensor do funcionalismo estadual e, especialmente, dos Agentes Administrativos.

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Um fato novo, vindo no Palácio da Redenção, diz respeito, por exemplo, a possibilidade de o governador começar uma mesa de negociação com a Reitoria da UEPB para a discussão da retomada da autonomia financeira e administrativa daquela instituição de ensino superior. Na época de Ricardo, a Universidade Estadual da Paraíba, além de perseguida, teve grande parte de seu orçamento retirado, inclusive “ferindo” lei aprovada pela ALPB.

Portanto, o que Ricardo praticou de nocivo e indigesto em “seu governo” no que diz respeito aos anseios do povo paraibano, João está fazendo tudo o contrário. Demitindo agentes públicos acusados de corrupção, moralizando a máquina administrativa, desligando OS’s que (segundo o MP e o Gaeco) surrupiaram milhões do Estado, ouvindo e atendendo os servidores estaduais, tentando proporcionar direitos às instituições, a exemplo da UEPB, enfim, fazendo com que a Paraíba seja uma República Democrática de verdade e não um “reinado” absolutista e contrário ao socialismo primaz.

Como se vê, os ideais político-administrativos de João e Ricardo são como água e óleo, não se misturam de modo algum. Por isso, mesmo que haja esforço hercúleo de ambas as partes de se manter as aparências, o rompimento branco é sintomaticamente evidente, podendo vir à tona a qualquer momento. #Opinião

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