OPINIÃO: Desconstruindo o discurso?

Politicamente, Guarabira vem sendo governada por dois grupos que ainda se alternam no poder: Paulino e Toscano. Porém, eu observo que, ultimamente, uma dessas forças políticas tem buscado desconstruir um discurso de rivalidade que, há décadas, alimenta o consciente coletivo na cidade, garantindo essa alternância. E essa desconstrução, feita através de entrevistas na imprensa e posts nas redes sociais, ganhou ainda mais força depois da morte do ex-prefeito e icônico Zenóbio Toscano, que entrou para a história deixando um legado de trabalho pelo município.

Enquanto uma das forças desconstrói o discurso político, a outra também dá sinais de mudança. E o faz usando aliados, sobretudo ‘porta-vozes’ com espaços em rádios e blogs; e populares que, diariamente, ligam para as emissoras locais e fazem postagens em redes sociais conforme orientação e também em prol de seus interesses individuais… Só para constar: eu já escrevi sobre esse ‘mecanismo político’ em um TCC, quando fiz uma análise sobre formação de território usando o rádio e o discurso para alcançar o poder político na cidade.

Mas voltando ao assunto, fundamentado em análise de discurso, há quem defenda e acredite na possibilidade de união entre as famílias rivais nas eleições deste ano. No rádio, por exemplo, eu ouvi que o MDB poderá indicar o (a) vice do prefeito Marcus Diogo (PSDB), que ainda não lançou pré-candidatura, não sabe que será candidato e demonstra estar sob o controle da família Toscano: sem autonomia para governar. E se tem autonomia, ele não tem governado como convém. Contudo, há também quem duvide que Paulino e Toscano possam estar juntos de novo no mesmo palanque.

Em recente entrevista, o deputado RP não descartou essa possibilidade. Se vier acontecer, será compreensível como estratégia de sobrevivência no jogo político, principalmente no cenário sem Zenóbio e sem um Toscano como candidato. Entretanto, quem tem memória vai se lembrar de ‘bate-boca’ numa rádio local em meados de 2016, por exemplo, quando Paulino – pelo fato de um radialista ter publicado e comentado sobre essa reaproximação entre os grupos em Guarabira -, negou tal possibilidade com veemência. Se houver convergência em 2020, o povo poderá concluir também que realmente havia, nos bastidores, um acordo de alternância.

Quem me acompanha no blog, sabe das opiniões deste editor ao longo do tempo. E adianto que não reescreveria uma linha em relação ao que já publiquei sobre Paulino, por exemplo, por quem tenho respeito e admiração pela coerência política. Digo o mesmo em relação a Toscano, mesmo tendo publicado vários artigos contrários à sua gestão. E também porque, como editor do Caderno de Matérias, eu sempre escolhi os assuntos que gostaria de comentar neste espaço. E continuo escolhendo e comentando, sem apelar para o pessoal. Fatos pessoais e que não sejam de interesse público não têm espaço aqui.

Dando continuidade a este artigo, esta semana, a deputada estadual Camila Toscano (PSDB), a melhor herança política de ZT, deu uma declaração que merece destaque. Em entrevista na Guarabira FM, ao afirmar que dá ‘pitacos’ ao prefeito Marcus Diogo e que não irá abandoná-lo, a parlamentar afirmou que vai participar das eleições deste ano e que não vai permitir que Guarabira volte ao que ela chamou de “passado negro”. Ouça:

 

Será que a deputada se referiu às gestões do MDB, que ainda não decidiu se vai lançar candidatura ou apoiar um dos pré-candidatos a prefeito ou, realmente, compor uma chapa com o futuro candidato de situação? Eu não sei. Só a deputada Camila pode esclarecer. No entanto, o que a ‘timeline’ da política guarabirense mostra é que nenhum dos pré-candidatos anunciados, Teotônio (PDT) e Beto Meireles (Cidadania), governou o município – pelo contrário, eles fizeram parte do grupo político que a atuante deputada passou a comandar.

Se o movimento nos bastidores da politica local já vinha se intensificando, daqui para frente teremos uma movimentação ainda maior, acredito. E até o ‘grande dia’, vai ter candidato apostando em propostas e outros mudando e desconstruindo o discurso para ganhar a eleição se for preciso. São coisas da política. #Opinião

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