OPINIÃO DE FELIPE NUNES: A pauta de costumes e o abismo entre o discurso e a prática de Lula

FELIPE NUNES

Voltou a circular nas redes sociais no início desta semana, um vídeo em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faz uma severa crítica à criação de banheiros do tipo unissex, isto é, feitos para uso de todas as pessoas, independentemente do seu gênero.

O vídeo foi gravado ainda no segundo turno da campanha eleitoral de 2022, quando o então candidato petista tentava angariar o apoio de evangélicos e de setores conservadores para fazer frente ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentava a reeleição e detinha o apoio maciço desse segmento.

Lula fazia uma referência à ideia de setores progressistas para flexibilizar o uso de banheiros. o objetivo da ideia é que as pessoas trans utilizem o banheiro de acordo com o gênero com o qual se identificam.

“Agora, inventaram a história do banheiro unissex. Oh, gente, eu tenho tenho família, eu tenho filha, eu tenho netas, eu tenho bisneta. Só pode ter saído da cabeça de Satanás a história de banheiro unissex”, disse Lula, na altura de seus 77 anos.

A fala de Lula em si não contém nada anormal para uma pessoa como o presidente, que se declara católico, é casado como uma mulher, que tem na família tradicional a base de suas crenças. Lula criou seus filhos e netos como homens e mulheres com gêneros bem definidos.

Também na eleição passada, o então candidato se colocou frontalmente contra o aborto. Em carta aos evangélicos, disse que “tem compromisso com a Vida plena em todas as suas fases”, porque para ele “a vida é sagrada, obra das mãos do Criador”.

Não se deve duvidar que o atual presidente tenha, por convicção, esses pontos de vista sobre aborto e banheiro unissex. Mas a crítica que se faz é, na verdade, ao abismo entre o que diz Lula na campanha eleitoral e o que ele passa a implementar enquanto Presidente da República. Como seus críticos tentavam avisar.

Já no cargo, o presidente retirou o Brasil do pacto internacional contra o aborto, assinado por mais de 30 países, e revogou a portaria que orientava a comunicação às autoridades policiais sobre casos de aborto em decorrência de estupro. Um direcionamento oposto ao que era defendido por ele na campanha.

Muito embora não tenha tomado iniciativas para facilitar a adoção de banheiros do tipo “unissex” de forma oficial, o Governo Federal através de auxiliares do petista tem dado demonstrações claras de apoio à pauta progressista do gênero fluído. Para citar somente um exemplo, desde 01 de janeiro integrantes do governo se referem “a todos, todas e todes” nas solenidades oficiais.

O dilema em que vivemos, enfim, não é sobre o que Lula diz acreditar, em discursos na campanha eleitoral. O grande problema é o que o presidente e seus ministros e assessores fazem na prática, fora das câmeras e dos holofotes. Como no caso do combate à corrupção. O país já assistiu a esse filme antes. #Opinião

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