DEMOCRACIA SELETIVA NO ‘CAMPO DO SABER’?

Por IKEDA

Na minha época de faculdade, gente madura, que levava a sério a universidade, saia de casa ou do trabalho, realmente, para estudar tendo como principal objetivo aprender. Havia diferenças sociais e divergências no campo ideológico, porém o diálogo era regra e o respeito prevalecia na academia. A galera alternativa também estava lá, mas era, incomparavelmente, mais organizada, unida e respeitosa do que os “rebeldes” de hoje – antes, eles lideravam campanhas e protestos em prol dos estudantes; agora, com seus costumes e vícios pessoais, passam parte do tempo pichando paredes como protesto, danificando o patrimônio público e ainda querem ter razão.

Como canta o grupo Trilo, “o mundo tá doidão“:

(…) Tão dizendo que a terra é plana E que esperto é aquele que engana Qualquer um que tem bom coração

Tão achando que é lindo ser feio não faz gol, mas quer ser artilheiro,

Eu vivo em meio a contradição Eu ando e vejo o mundo na contramão

A verdade arrumou um dono E é tanta gente cheia da razão Não para pra ouvir seu próprio irmão (…)

Os tempos mudaram, eu sei. Mudaram tanto, a ponto de, por exemplo, um grupo de “estudantes” antissemitas tentarem impedir um professor e cientista político de dar uma palestra sobre empreendedorismo dentro de uma universidade federal, no ‘campo do saber’, onde deveria prevalecer a pluralidade de pensamento, o diálogo, o respeito e a tolerância; mas impediram o cara pelo simples fato dele ser judeu. Isso aconteceu com o André Lajst, que preside a StandWithUs Brasil, instituição que educa sobre Israel em cinco continentes. O fato, lamentavelmente, foi registrado na quinta-feira (10), na Universidade Federal do Amazonas.

“Estudantes” usando cartazes, bandeiras, vestidos de vermelho, citando indiretamente Bolsonaro, e também com cores da Palestina, acusaram o professor de fazer “apologia ao genocídio do povo palestino”. O André, que é especialista em Oriente Médio e Segurança Nacional, nega as acusações e afirma que também foi chamado de nazista, sendo que ele é neto de um judeu sobrevivente do holocausto – ou seja, não faz o menor sentido. A Polícia Federal foi chamada e Lajst, que foi convidado pela UFAM, teve que ser escoltado para sua segurança.

Veja os links

https://www.instagram.com/reel/CvzeBTpMANR/?utm_source=ig_web_copy_link&igshid=MzRlODBiNWFlZA==

https://www.instagram.com/reel/Cv0Zlu5ux78/?utm_source=ig_web_copy_link&igshid=MzRlODBiNWFlZA==

O que chama atenção é que os mesmos “estudantes” que “defendem” a democracia queiram relativizá-la e não estejam abertos ao diálogo no ambiente acadêmico – mais ainda numa universidade pública como a UFAM. Uma das falas registradas em vídeo deixa claro o vieis ideológico de uma ‘esquerda radical’, que não justifica a tentativa de impedimento, partindo do DCE; nem o ódio seletivo, a censura, e, muito menos, o antissemitismo, a judeofobia, a discriminação por causa da religião, num país onde a Constituição abomina essa prática.

Quer saber do que eu tenho medo? Do silêncio dos bons, dos que ignoram sinais e uma situação como esta relatada pela coluna; dos que acham normal e ‘passam pano’; dos que defendem governos que se alinham com ditadores e terroristas; dos que aparentam conhecer, mas desconhecem a história; de radicais que tentam, a todo custo, esconder ou não querer conhecer a verdade; dos que relativizam a democracia, apoiam a censura seletiva, dos intolerantes e “preconceituosos do bem”…

O que aconteceu com o André Lajst, que é judeu, pode acontecer comigo ou com você pela fé que professamos. No entanto, não será novidade para cristãos: São Paulo escreveu que haveria um “tempo em que não suportariam a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, juntariam para si doutores conforme as suas próprias concupiscências, desviando os ouvidos da verdade, e se voltando às fábulas” (2 Tim 4: 3 e 4). Já não tem sido assim hoje em dia…?

O André não foi convidado para falar de religião na UFAM, mesmo assim ele foi impedido – imagine quando um cristão, por exemplo, foi convidado para dar testemunho da sua fé publicamente; e se for numa universidade pública, então… A gente precisa refletir e conversar sobre o assunto – ignorar os fatos é perigosos demais. #Opinião

Publicado, originalmente, pelo IV PODER, no Orelo, em 11/08/23

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