Quem me acompanha, sabe que eu escrevo sobre política, mas, também, sobre cultura. Já escrevi várias críticas musicais sobre álbuns, artistas e eventos como Caminhos do Frio e Raízes do Brejo, por exemplo, que são excelentes rotas culturais que acontecem anualmente promovendo o que a nossa região tem de melhor, e, sobretudo, atraindo visitantes e turistas.
Como jornalista e radialista profissional, acompanho o Caminhos do Frio desde sua idealização e posso afirmar que a rota cresceu muito e, merecidamente, se consolidou no calendário. Vejo, porém, que ao longo desses 19 anos do projeto, que envolve atualmente 10 prefeituras do brejo paraibano, algumas situações pontuais continuam sem explicação: a falta de espaço para artistas locais, de carreira.
Antes que você me questione sobre artistas de carreira, eu explico: falo daqueles que, no mínimo, cantam afinado, têm projeto, já tiveram ou têm experiência em competições e festivais, têm carisma e ainda acumulam no portfólio apresentações em eventos fechados e abertos, músicas gravadas, como a cantora Danny Xavier, a ‘iluminada’, nome expressivo e uma das mais talentosas da região.
Apesar de sua competência, talento e influência; de sua experiência nos palcos e trabalhos realizados na mídia digital, Danny Xavier não vem tendo espaço como atração na programação da rota em Solânea. E ao vê-la comentando sobre essa situação nos seus storys pelo Instagram, fiquei me questionando, curioso para saber um motivo que justifique sua ausência como atração na programação dessa festa.
Se a proposta da rota é promover os valores do brejo, entendo que isso inclui as manifestações culturais, experiências gastronômicas, de aventura, e, sobretudo, artísticas – principalmente aqueles que vivem da arte, estudando, ensaiando, aperfeiçoando e alcançando o nível ideal para um evento dessa natureza, afinal, realmente não dá para abrir espaço para “todo mundo”…
Na verdade, todo mundo merece uma oportunidade. Mas para que artistas menores consigam evoluir e ganhar espaços significativos, há um preço a pagar: esforço próprio para ser melhor. Em seguida, vem o incentivo que é fundamental para motivá-los a investir na carreira buscando a excelência. Sem talento e qualificação é impossível fazer uma boa apresentação, avalio. Quer espaço? Faça por onde alcançá-lo!
Avalio que a Danny tem feito sua parte. Com quatro clipes lançados – três deles com cenas de Solânea, valorizando a cidade, afirmo que, hoje, em relação a talento, Danny não precisa provar mais nada para ninguém – pelo contrário: quem deve expor um motivo para que ela não seja inserida na programação durante a passagem da rota em sua própria cidade, com todo respeito, é a gestão de cultural local.
O Caminhos do Frio e o Raízes do Brejo acertam quando abrem espaços para artistas locais; e, também, quando priorizam nomes de expressão nacional como Vanessa da Mata, Flávio José, Edson Gomes, Os 3 do Nordeste, por exemplo, que fazem música regional inteligente, como convém a projetos que tenham a intenção de preservar e valorizar a cultura popular em pleno inverno.
No mais, em relação a Danny Xavier, fico feliz em saber que ela continua crescendo, brilhando e amadurecendo como pessoa e artista; e que, apesar de tudo (!), finalmente chegou à conclusão de que “o problema” não é com ela. Não ver seu nome no cartaz do evento em sua própria cidade, pode gerar um incômodo, eu sei; entretanto, se conhecer e reconhecer o valor do seu trabalho é mais importante.
Por fim, lamento por algumas escolhas pontuais feitas durante a contratação de artistas para conduzir a trilha sonora do Caminhos do Frio, algumas vezes priorizando nomes cuja característica musical muitas vezes não tem a ver com a proposta da rota; mais ainda quando ignoram uma artista como Danny Xavier, uma boa influência, cujo repertório tem tudo a ver com a nossa região e com o nosso povo. #Opinião
