Ciclos. A nossa vida é cheia de ciclos. Alguns nos trazem satisfação – uma satisfação pessoal ou coletiva. Outros, porém, nos deixam tristes. Arrasados. Hoje, por exemplo, mais um ciclo se fecha. Após 66 anos de circulação no estado da Paraíba, o Jornal Correio da Paraíba circulou pela última vez na versão impressa. É mais uma baixa na imprensa paraibana.
Enquanto outros grandes jornais do Brasil já fecharam as portas por problemas financeiros – como Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil, O Estado do Paraná, Jornal da Tarde, Diário do Povo, Diário do Comércio e Brasil Econômico, por exemplo -, o Correio da Paraíba vinha resistindo, mas deu adeus neste sábado. Agora, nos resta, apenas, o jornal A União em circulação na versão impressa.
Como fizeram O Norte e o Jornal da Paraíba, citando os que encerraram suas atividades mais recentemente, a direção do Correio da Paraíba já era ciente das dificuldades de manter uma redação funcionando em tempos de crise no mercado editorial e de baixa na lista de assinantes. O próprio empresário Roberto Cavalcanti comentava sobre a situação, em entrevistas.
Eu acredito que é com muita tristeza que o empresário Roberto Cavalcanti anuncia a extinção do seu jornal. Do nosso jornal, pelo qual tanto lutou! Em texto publicado no Portal Correio, ele cita a crise atual que impediu a comercialização e a distribuição do periódico.
“Porém, o estado de calamidade que assola o mundo e o nosso país, já reconhecido pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e também em razão dos Decretos do Governo do Estado da Paraíba nos 40.134 e 40.135, que suspenderam o funcionamento de estabelecimentos comerciais, impediram a venda comercial e a distribuição jornalística, inviabilizando desta forma o funcionamento do Jornal Correio.
Diante disso, comunicamos a todos os colaboradores vinculados à referida empresa, aos nossos leais leitores, assinantes, prestadores de serviços e ao público em geral que estamos encerrando nossas atividades neste sábado, dia 04 de abril de 2020.
Ao povo paraibano, leitores, colaboradores, clientes internos e externos, nossa palavra hoje é GRATIDÃO por terem sonhado nossos sonhos e acreditado em nós.
Um novo tempo se inicia. Novas histórias iremos construir juntos.
Que Deus ilumine e proteja todos nós.
Roberto Cavalcanti, empresário, diretor da CNI e membro da APL“
O Correio da Paraíba, como veículo de comunicação, realmente, resistiu a várias crises e buscou se reinventar em momentos importantes. O jornal abriu portas, deu oportunidades e imprimiu um jornalismo feito com ética e paixão, escrito por jornalistas de várias gerações, a quem neste momento o Correio também dá adeus.
Fui leitor diário do Jornal Correio, sobretudo da coluna de Lena Guimarães, que já não está mais entre nós…, e do Caderno 2, com os textos do Renato Félix. Tive texto publicado no Correio da Paraíba quando o professor Walter Galvão era o editor geral – a convite dele.
Experimentei editar, como colaborador ao lado da jornalista Katia Pinheiro, várias edições de uma coluna semanal dedicada ao brejo – uma indicação do jornalista Hebert Araújo, que editava, mas naquela oportunidade estava deixando o Sistema Correio para compor os quadros da Rede Paraíba.
Tudo isso me trouxe um pouco mais de experiência, além do rádio – minha paixão. E sou grato a Deus e aos que, de alguma forma, me incentivaram. Hoje, diante desse ciclo que se fecha, fico triste com a notícia do encerramento do jornal e da demissão coletiva.
A partir de então, nós da Guarabira FM, não teremos mais a companhia diária da amiga Kelly Brito, da sucursal do Correio em Guarabira. As nossas tardes não serão mais as mesmas sem você, Kelly… Haverá uma sala vazia… A vida segue, eu sei…
Lamento ainda pelos demais profissionais que perderam seus empregos em Guarabira e na redação em João Pessoa. Espero que novas oportunidades apareçam para vocês. Oremos aos céus…
Nos últimos 16 anos, como contratado da rádio, eu já passei e vivenciei vários ciclos – de colegas sendo desligados, outros pedindo pra sair, alguns partindo para sempre…
O que todos estes ciclos têm em comum? Forçaram-me a conviver com a ausência de alguém. E dessa vez, não será diferente.
Que Deus nos conceda dias melhores. Jesus vive. #Opinião