Escolhido candidato do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo, João Doria, afirma que os partidos da terceira via vão perder a disputa se não se unirem em torno de uma candidatura única. Em entrevista ao Metrópoles, não descartou a possibilidade de enfrentar mais um processo de prévias.
“Os líderes partidários que advogam nesse centro democrático liberal social sabem que se entrarmos divididos nesta eleição, perderemos. E o Brasil terá uma eleição binária, entre [o ex-presidente] Lula (PT) e [presidente Jair] Bolsonaro (PL), o que é um pesadelo para o Brasil e para os brasileiros”, disse.
No entanto, além do diálogo, está sendo ventilada uma possibilidade de esses partidos que se colocam como terceira via se unirem e fazerem um processo semelhante às prévias do PSDB. Doria diz que o assunto ainda não foi tratado com ele, mas considera que pode ser uma opção.
“Depende de como ela se qualifica e quais são seus instrumentos e aspectos democráticos que possam fazer dela uma ideia abraçável por todos e não apenas por alguns”, emendou.
Na entrevista, o governador ressaltou mais de uma vez que é “filho das prévias”, que passou pelo processo três vezes, saindo vitorioso em todas essas etapas. Também sobre as prévias, ele afirmou que agora que o momento é de “fortalecer o PSDB, ainda que posições aqui e acolá possam não ser iguais, o que é compreensível.”
Prévias tucanas
Após o tumultuado processo de escolha do candidato do PSDB que se estendeu por uma semana além do esperado, a legenda e o governador têm pelo menos duas questões para lidar: a desfiliação do ex-governador Geraldo Alckmin e a insatisfação de 46% da sigla — especialmente do deputado Aécio Neves (MG) — que queria que o candidato da legenda fosse o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
Quanto a Alckmin e a aproximação com o ex-presidente Lula, adversário histórico dos tucanos, Doria diz ter respeito pelo correligionário, mas enfatiza que “o PSDB, durante 33 anos, combateu o PT, esteve do lado oposto ao do PT”.
“Eu pessoalmente combati o PT, venci o PT em duas eleições aqui em SP e é o que pretendo fazer novamente em 2022.”
Já em relação aos insatisfeitos, Doria minimiza as rusgas. “Toda campanha é difícil e toda campanha gera atritos. É como um campeonato de futebol, você disputa para vencer e ao disputar cada jogo você tem um cartão amarelo, uma advertência a um jogador, isso faz parte do jogo. O PSDB agora vai gradativamente se aglutinando e se fortalecendo a partir do diálogo”, assegura.
Campanha
A partir de abril, quando deixará o governo do estado nas mãos do vice Rodrigo Garcia, Doria planeja colocar o pé na estrada. “Rodar o Brasil é fundamental, dialogar com brasileiros de todas as regiões. (…) E eu gosto do contato com a população, eu fiz isso quando era candidato a prefeito e ao governo e deu resultado.”
Por enquanto, os próximos passos do governador incluem conversas em busca de alianças. Neste domingo (5/12), Doria desembarca no Brasil após quatro dias nos Estados Unidos, onde conversou com investidores já com discurso de candidato.
Ao lado do ex-ministro e secretário do estado de Fazenda Henrique Meirelles, o governador assegurou compromisso com a política que estabelece o teto de gastos. Segundo ele, é possível criar um programa social que suceda o Bolsa Família sem ter que furar o teto.
Além da agenda econômica, o governador deu passos na construção de uma agenda internacional que contraponha à de Bolsonaro. Na entrevista, Doria disse que buscará fazer pontes com países que se afastaram do Brasil, como China e Argentina.
De volta a São Paulo, ele terá encontro com o ex-ministro e também candidato à Presidência Sergio Moro (Podemos). #Política
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