OPINIÃO: O QUE SOBROU DA HISTÓRIA DA NOSSA ESTAÇÃO

Depois de anos abandonada, a antiga Estação Ferroviária de Guarabira (PB) está passando por uma reforma. Na verdade, era para ser uma ‘reconstrução do passado’, de como era antes – como o ex-prefeito Zenóbio Toscano fez no Casarão dos Cunha Rego, localizado numa das praças mais icônicas da cidade, mantendo traços originais.

O que está acontecendo na Estação, no entanto, deixa um pouco a desejar… Não sei se a gestão municipal, responsável pelo custeio da obra, buscou pesquisar sobre o imóvel para garantir, dentro das possibilidades, a preservação da estrutura e dos traços originais como convém a um trabalho dessa natureza. Há pontos questionáveis, avalio.

Apesar de tudo, quero registrar a disposição que a gestão do prefeito Marcus Diogo (PSDB) teve em dar atenção à Estação Ferroviária, que em 4 de junho completou 140 anos; local onde o progresso chegou sobre trilhos para vocacionar Guarabira a ser o que ela é hoje, um polo comercial geograficamente bem localizado na região.

Não sei com que justificativa os responsáveis pelo serviço, com anuência da gestão municipal, construíram rampas sobre os trilhos – atitude passiva de punição no futuro, quando os envolvidos poderão responder. O local já tem acessibilidade e pode facilitar o acesso, mas não sobre os trilhos, pois eles fazem parte do contexto histórico.

Observando uma foto do acervo do Centro de Documentação da Prefeitura de Guarabira, dá para ver que a atual cobertura – superior e a do tipo marquise na área externa – não segue o projeto original. Por algum motivo, o teto foi rebaixado durante o período de abandono, quando, também, houve descaracterização em relação aos arcos das janelas, por exemplo.

Caberia à gestão então, sem pressa, aproveitar o momento e o investimento para refazer a cobertura do telhado como era antes, evitando deixar esse paredão sobrando e madeira exposta em supostas “entradas de ar” no interior da estação, como presenciei durante uma visita ao local.

A PMG pretende concluir essa obra antes do Festival de Arte Naif, que será realizado no recinto em 4 de julho. É uma pressa que poderá comprometer – ou não! – o resultado desse serviço. Embora a Estação seja menor que a casa dos Cunha Rego, merece um acabamento com o devido esmero como o que foi feito por Zenóbio no casarão.

O complexo ferroviário envolve três paradas – a estação Antônio Guedes, no distrito de Cachoeira; a do centro, que está sendo recuperada; e a de Itamatay. A de Cachoeira e a de Itamatay estão em ruínas e também deveriam entrar nesse projeto de recuperação para exploração histórico/cultural, e não serem deixadas “para depois”. Depois, quando?

Não bastasse o que fora relatado neste artigo, soube que um vereador ainda propôs um projeto para mudar o nome da Estação, ignorando completamente a identificação que já consta no local. Tomara meu Deus, tomara, que, em respeito a história, isso não passe…

As obras estão “adiantadas”. Não sei como anda o tombamento desse imóvel, nem se os pontos citados poderiam embargar o serviço por ‘descaracterização’. A reforma é necessária, principalmente se buscar ‘reconstruir’ o que sobrou da história da nossa Estação. #Opinião

Foto: Ikeda Gomes, em 4 de junho de 2024

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